Sabemos que as vacinas são um pilar fundamental no controle de doenças infecciosas altamente contagiosas e potencialmente mortais, especialmente para os filhotes, que, além disso, são os que mais correm o risco de contraí-las. É por isso que a notícia de que a vacina contra a parvovirose parece não estar funcionando é preocupante.
Então um cão vacinado pode pegar parvovirose? Neste artigo em nosso site falamos sobre parvovirose em cães vacinados e explicamos porque esse contágio pode acontecer.
Parvovirose em cães vacinados
A pergunta que dá título a este artigo, ou seja, se um cão vacinado pode contrair parvovirose, parece estar ganhando relevância nos últimos tempos, pois mais estão sendo relatadas de casos habituais de parvovirose em cães adultos vacinados que contraíram a doença. São os veterinários que diagnosticam o cão e notificam o ocorrido ao laboratório que fabrica as vacinas ou aos organismos responsáveis pelos medicamentos.
A parvovirose canina é uma doença viral que causa vômitos intensos e diarreia sanguinolenta característica. Não há outro tratamento além do tratamento de suporte e produz mortalidade considerável. Assim, a vacina contra este vírus é considerada essencial e sua administração é recomendada para todos os cães.
Existe uma nova cepa de parvovírus?
Uma das hipóteses consideradas para explicar por que um cão vacinado pode contrair parvovirose é o surgimento de uma nova cepa. Esta modificação do vírus tornaria a vacina disponível ineficaz. Mas essa suposição não parece ser verdadeira. Sabe-se que este vírus vem mudando desde sua descoberta e já se conhecem diferentes cepas, mas suas diferenças são mínimas e, além disso, a cepa mais recente conhecida circula há anos e, de fato, tornou-se aquela com uma presença maior hoje.
É verdade que esta cepa não está incluída na vacina que é utilizada, mas considerando que é a cepa prevalente, se a vacina fosse ineficaz contra ela, haveria muito mais cães sofrendo de parvovirose do que os que estão sendo contados. Portanto, é provável que a vacina atual ofereça alguma proteção contra a cepa mais recente. De qualquer forma, está sendo estudado que pequenas mudanças entre as cepas podem afetar a eficácia da vacina.
Por que a vacina contra parvovírus canino falha?
Com as informações atualmente disponíveis, a teoria que pode explicar os casos de parvovirose em cães vacinados é uma falha vacinal por interferência nos anticorpos maternosAs cadelas transmitem anticorpos para seus filhotes através do colostro, que é o líquido secretado pelas glândulas mamárias imediatamente após o parto e antes do leite. Descobriu-se que se este colostro fornece um alto nível de anticorpos, estes são capazes de permanecer no filhote por até 12 semanas de vida. Sabe-se também que esses anticorpos interferem na eficácia da vacinação.
O objetivo de administrar uma vacina é estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos contra um determinado patógeno. No caso em questão, se o cão vacinado entrar em contato com o parvovírus, ele terá suas defesas prontas para combatê-lo desde o primeiro momento. Por outro lado, se houver uma interferência, essas defesas não terão sido geradas ou não em número suficiente e, consequentemente, o cão ficará desprotegido. Por outro lado, sabe-se também que existem cães com deficiências imunológicas ou raças com maior tendência a este problema que estarão susceptíveis a contrair parvovirose mesmo que sejam vacinados.
Além disso, uma resposta não totalmente eficaz à vacina que não elicia um grande número de anticorpos pode prevenir a imunidade cruzada que a vacina tradicional oferece contra a cepa mais recente. Assim, esses cães são mais suscetíveis a contrair parvovirose. Por fim, deve-se notar também que a vacina contra parvovírus deve ser repetida todos os anos para manter a proteção.
Como evitar que um cão vacinado contraia parvovirose?
Uma forma de melhorar a eficácia da vacina contra a parvovirose é simplesmente adaptar o calendário de vacinaçãoNormalmente, as primeiras vacinas dadas aos cachorros são completadas por volta das 12 semanas de idade. Como vimos, é possível que alguns filhotes nessa idade ainda tenham anticorpos maternos que afetarão a eficácia da vacina. Portanto, a tendência atual é atrasar esse cronograma e dar a última vacina com 16 semanas, quando os anticorpos maternos não estão mais presentes.
Também com o objetivo de melhorar a eficácia da vacinação, está sendo estudada a possível interação produzida pela administração simultânea das vacinas contra parvovírus e Leptospira. Parece que juntar diminui a eficácia contra a parvovirose. Não é um efeito que repercutirá em todos os cães, mas naqueles em que a vacinação não estimula altos níveis de anticorpos, pode ser interessante levar esse fato em consideração. O cronograma que está sendo considerado prioriza a administração de vacinas essenciais contra doenças virais e deixa para Leptospira ou Bordetella por 18-22 semanas de vida.
Conclusão: devo vacinar meu cachorro contra a parvovirose?
Com certeza sim Embora um cão vacinado possa contrair parvovirose nas circunstâncias que descrevemos, a taxa de falha ainda é baixa em relação a todos os cães que são vacinados a cada ano. Além disso, os veterinários dispõem de informações suficientes para ajustar os calendários de vacinação dos filhotes a fim de melhorar a eficácia de cada vacina. É importante, para isso, que nos coloquemos nas mãos de um profissional de confiança.
