Ivermectina é uma lactona macrocíclica utilizada para o tratamento de parasitas externos em muitos mamíferos. É especialmente útil para eliminar pequenos parasitas de cobaias, ou seja, pulgas, piolhos e ácaros, especialmente com estes últimos porque são os mais frequentes e com os sintomas mais marcantes. Dentre todos, destaca-se o ácaro Trixacarus scabei por ser o que mais causa danos aos porquinhos-da-índia acometidos, causando lesões cutâneas que podem infeccionar, alopecia, vermelhidão, fraqueza da pele, lesões secundárias e até sinais neurológicos como convulsões. Além de eficaz, é bastante seguro nesses pequenos mamíferos, pois o mecanismo de ação visa canais específicos encontrados dentro das células musculares e nervosas dos invertebrados, não dos mamíferos.
Continue lendo este artigo em nosso site para saber mais sobre os usos da ivermectina para cobaias, sua dosagem e efeitos colaterais.
O que é ivermectina?
Ivermectina é um endectocídio, ou seja, um medicamento indicado para tratar e prevenir parasitas externos e internos em várias espécies animais, incluindo o cobaias. Este ingrediente ativo pertence ao grupo das lactonas macrocíclicas com um mecanismo de ação único. A ivermectina liga-se seletivamente e com alta afinidade aos canais de íons cloreto ativados por glutamato em células nervosas e musculares de invertebrados. O glutamato é um neurotransmissor, considerado o principal excitador do sistema nervoso central, e é liberado pelas células gliais.
Essa união produz um aumento da permeabilidade da membrana celular para íons cloreto, o que leva a uma hiperpolarização das células nervosas ou musculares que produz paralisia e morte do parasita.
Para que serve a ivermectina em porquinhos-da-índia?
Como os parasitas internos são extremamente raros em cobaias, a ivermectina nesta espécie é usada para o tratamento de parasitas externos como ácaros, pugas e piolhos. Destes, os mais importantes são os ácaros, sendo os principais os seguintes:
- Trixacarus scabei: produz sintomas mais graves, com prurido, alopecia, autotraumatismo que pode induzir infecções secundárias, vermelhidão da pele, pápulas, vesículas, descamação, fraqueza e alterações comportamentais. Quando a parasitose é crônica, produz um quadro de espessamento da camada externa da pele (hiperceratose) e pode até levar a quadros mais graves com convulsões.
- Chirodiscoides caviae: é encontrado no cabelo e geralmente é assintomático, por isso não causa sinais clínicos ou lesões na cobaia se o sistema imunológico estiver bom e não imunossuprimido, como nos casos de gestantes, estresse ou más condições ambientais e de manejo.
- Psoroptes cuniculi: produz grandes crostas no canal auditivo que podem bloqueá-lo completamente.
- Cheyletiella parasitivorax ou “caspa ambulante”: produz descamação extensa, principalmente no dorso da cobaia.
Outros ácaros que podem afetar em menor grau esses animais são o ácaro da orelha, responsável pela sarna notoedral do porquinho-da-índia (Notoedres muris) e sarna sarcóptica (Sarcoptes scabei). Neste outro artigo falamos a fundo sobre a sarna em porquinhos da índia.
Além da ivermectina, a selamectina também pode ser usada para esses parasitas e, se forem refratárias ao tratamento, a doramectina até que não sejam encontrados parasitas em 3 raspados de pele.
Dose de ivermectina para cobaias
A dose de ivermectina para cobaias depende do parasita a ser tratado. Em termos gerais, a dose de ivermectina será a seguinte:
- Para tratar o ácaro Trixacarus scabei: 0,2 ml de ivermectina por via subcutânea em cobaias adultas e 0,1 ml em cobaias jovens.
- Para tratar o ácaro Chirodiscoides caviae: ivermectina tópica (em forma de creme na dose de 0,5 mg/kg).
- Para o tratamento do ácaro Psoroptes cuniculi: pode ser usado tanto topicamente quanto subcutaneamente na dose de 200 mcgs/kg, o mesmo que para outros ácaros, piolhos e pulgas.
Contra-indicações da ivermectina em cobaias
A ivermectina não deve ser usada em cobaias alérgicas a este princípio ativo, naquelas com comprometimento do sistema nervoso ou em cobaias de poucos dias de idade devido à f alta de desenvolvimento completo. Da mesma forma, não deve ser usado se outros medicamentos com ação no sistema nervoso também estiverem sendo usados.
Efeitos colaterais da ivermectina em cobaias
Embora em doses muito altas pode causar depressão do sistema nervoso central da cobaia, que pode ser fatal, este composto é seguro porque, ao contrário dos parasitas, os mamíferos não possuem os canais de cloreto que são ativados pelo glutamato. Como as lactonas macrocíclicas, como a ivermectina, têm baixa afinidade por outros canais de cloreto ativados por neurotransmissores e não atravessam facilmente a barreira hematoencefálica, elas têm uma alta margem de segurança em cobaias.
Se você mora com um desses adoráveis animais, não hesite em consultar este outro artigo sobre cuidados com cobaias para oferecer a melhor qualidade de vida a eles.
