Atualmente, a conservação de espécies apresenta-se como um desafio muito grande que resulta da consideração de uma grande variedade de fatores, como a avaliação de quais espécies habitam um ecossistema, bem como seu estado de conservação e a interações naturais entre eles. Para isso, são elaborados planos de ação de curto e médio prazo, que muitas vezes utilizam espécies animais (ou plantas, em outros casos) emblemáticas ou que possuem alguma característica importante dentro de um ecossistemae que, por sua vez, ajudam a conservar uma paisagem ou ecossistema completo, pois preservando aquela espécie, todo o sistema biológico será preservado. No caso das espécies-chave, elas definem ecossistemas inteiros, muitas vezes causando efeitos muito grandes.
Continue lendo este artigo em nosso site e contaremos mais sobre as espécies de importância para a conservação dos ecossistemas, como as espécies-chave, bem como exemplos e suas características.
O que é uma espécie-chave?
Embora não haja um consenso absoluto sobre como definir esse conceito, aqui explicaremos que uma espécie-chave é considerada aquela cuja atividade e abundância produzem efeitos não apenas em outras espécies, mas também em todo o ecossistema onde vive, tanto sua estrutura quanto seu funcionamento.
Uma espécie-chave pode ter diferentes efeitos no seu ecossistema ou nas outras espécies com as quais coabita. Entre eles estão:
- Modificação da paisagem: seja sua composição de comunidades de espécies vegetais, por exemplo, bem como a estrutura do local, sendo capaz de criar muitas vezes áreas abertas.
- Fonte de alimento: Por outro lado, eles podem ser uma fonte potencial de alimento para predadores.
- Geradores de refúgio: outros são geradores de locais de nidificação ou refúgio para outras espécies, como é o caso do elefante africano.
- Alterar processos ecológicos: Podem também alterar certos processos ecológicos, como a troca de nutrientes, como algumas aves que se alimentam da mar e depois em terra fazem seus depoimentos.
Muitas dessas espécies são muito sensíveis (embora estáveis) às mudanças ambientais em seu entorno, e esta é uma das principais características de uma espécie-chave, bem como o papel que desempenha dentro de seu habitat e sua longa permanência naquele ambiente.
Embora o desaparecimento de qualquer espécie dentro de um ecossistema possa causar mudanças drásticas nele, a definição de espécie-chave é atraente do ponto de vista da conservação, pois essas espécies também podem servir como “bioindicadores”, ou seja, atuam como indicadores de saúde e qualidade de uma área ou ambiente natural.
Exemplos de espécies-chave
Como mencionamos, as espécies-chave são uma ferramenta para a conservação da biodiversidade, portanto, ao realizar um estudo, é importante determinar quais espécies se enquadram nessa definição.
Tipos de espécies-chave
Existem vários tipos de espécies-chave:
- Predadores: Alguns são predadores e, ao se alimentarem de espécies herbívoras, evitam o desaparecimento da vegetação de uma área.
- Provedores de recursos: outros são provedores de recursos, por exemplo, peixes que vivem em águas marinhas e doces e realizam a troca de nutrientes em ambos os ambientes.
- Mutualistas: Também podem ser espécies mutualistas, como moscas polinizadoras específicas de plantas.
- Modificadores ou engenheiros do ecossistema: alguns são caracterizados como modificadores ou engenheiros do ecossistema, ou seja, espécies que modificam seu habitat, como algumas madeiras besouros que vivem dentro de troncos de árvores.
A seguir, veremos alguns exemplos de espécies que atuam como espécies-chave e que nos ajudarão a entender melhor esse conceito.
Os principais predadores como espécies-chave
Entre os predadores, estão os predadores de topo, aqueles que estão no topo da cadeia alimentar. Algumas espécies-chave classificadas como predadores de topo são:
- estrela-do-mar (Pisaster ochraceus): dependem do espaço e da alimentação, modificando a composição das demais espécies e provocando alterações no ambiente físico ao seu redor. Tanto que é fundamental para manter a saúde e a qualidade das águas da costa do Pacífico da América do Norte. Por outro lado, mantém o crescimento explosivo de certas espécies de mexilhões, por exemplo, que, na ausência desta estrela do mar, proliferariam e impediriam que outras espécies se estabelecessem.
- Leopardo (Panthera pardus): é considerado um predador de ponta, cujas populações vêm diminuindo devido à destruição de seu habitat e à caça Ilegal em toda a África e Ásia. Isso fez com que as populações de babuínos disparassem, pois na ausência de leopardos (e outros grandes felinos), esses primatas assumem o papel de predadores. No entanto, eles têm outro tipo de comportamento, pois sendo onívoros se alimentam de todos os tipos de alimentos, por exemplo, culturas agrícolas, e isso tem causado conflitos com humanos devido à destruição de suas culturas.
Modificadores ou Engenheiros de Ecossistema
As espécies-chave chamadas modificadoras de ecossistema ou engenheiros são, como o próprio nome indica, espécies que modificam seu ambiente. Destacamos o seguinte:
- Gnus azul (Connochaetes taurinus): habitante da África Oriental e Austral, cujas migrações de mais de 1 milhão de indivíduos atravessam as planícies do o Serengeti e, em seu rastro, produzem profundas mudanças nesse ecossistema. Eles se alimentam das gramíneas das planícies e, assim, mantêm uma cobertura baixa, o que, por sua vez, evita incêndios. Além disso, esta espécie é comida por grandes predadores, como alguns felinos.
- elefante africano (Loxodonta africana): produz mudanças importantes no ambiente onde vive, pois beneficia espécies menores. Nas áreas onde há mais elefantes, a biodiversidade de anfíbios e répteis é maior. Isso porque essa espécie, ao se deslocar, produz áreas abertas em áreas mais frondosas, o que se traduz em árvores caídas e galhos que se tornam abrigos e habitats para essas espécies menores.
Além do gnu azul e do elefante africano, você pode se interessar por esses outros animais da África.
Espécies-chave mutualística
Dentro das espécies-chave mutualísticas, ou seja, aquelas que se favorecem, encontramos exemplos como:
- Flying Fox (Pteropus samoensis): São morcegos frugívoros que habitam ilhas no Oceano Índico e no Pacífico Sul. Esta espécie de morcego (assim como outras raposas voadoras) ao se alimentar dos frutos das plantas, dispersa suas sementes, por isso desempenham um papel extremamente importante no ecossistema. Além disso, sendo morcegos relativamente grandes, eles podem carregar sementes maiores do que outras espécies pequenas.
- Beija-flor-de-bico-de-águia (Eutoxeres aquila): Esta espécie de beija-flor habita a América Central e do Sul e é característica devido ao formato do é o bico, pois é extremamente curvo. Isto tem a sua razão, porque este pequeno pássaro se alimenta do néctar das flores de certas plantas, como as helicônias com flores penduradas ou algumas campânulas. Algumas dessas espécies de plantas co-evoluíram (ou seja, se adaptaram e evoluíram mutuamente) com essas aves, de modo que dependem exclusivamente dos beija-flores para sua polinização, pois se não fossem eles estariam em risco de desaparecer.
Neste outro artigo também falamos sobre 15 animais polinizadores - Características e exemplos.
Espécies que fornecem recursos
Dentro das espécies-chave, encontramos também as espécies que fornecem recursos. Alguns dos mais marcantes são:
- Urso Pardo (Ursus arctos): Esta espécie é conhecida porque, pouco antes da hibernação, se alimenta de um grande número de salmões aproveitando de sua migração. Uma vez que captura sua presa, o urso se afasta para a floresta para se alimentar delas e, dessa forma, os restos dos peixes permanecem no solo e favorecem a fertilização do solo. Além disso, também se alimentam de raízes de plantas, por isso, quando as procuram, agitam o solo, favorecendo a mistura de matéria orgânica.
- Aves marinhas: por exemplo, muitas espécies de biguás e gaivotas (entre outras) favorecem a troca e exportação de nutrientes (como nitrogênio e fósforo) do mar para a terra, fornecendo esses compostos importantes para a fertilização do solo. Seu guano (excremento) constitui o aporte de nutrientes mais importante durante o inverno, pois nos locais onde se encontram suas colônias de nidificação, favorecem o crescimento da vegetação natural. Além disso, também favorecem o equilíbrio dos compostos oceânicos e sua produtividade.