Nos últimos anos a propriedade e criação do coelho doméstico tem aumentado exponencialmente. Em muitos países é o terceiro animal de estimação mais popular, sendo superado apenas pelo cão e pelo gato. O coelho doméstico é um animal dócil, inteligente, sociável e fácil de manejar, características que o tornam quase perfeito para os pequenos em casa. É claro que o coelho doméstico, como qualquer outro animal, precisa de cuidados minuciosos que garantam sua qualidade de vida e bem-estar em seu ambiente.
Neste artigo em nosso site falaremos um pouco sobre a síndrome vestibular em coelhos, uma patologia que limita a motricidade do animal, colocando em risco seu bem-estar e, nos piores casos, sua vida.
O que é síndrome vestibular em coelhos?
O sistema vestibular é responsável pelo processamento das informações sensoriais específicas do animal. É aquele que orienta no espaço e equilíbrio Nos coelhos, por diversos motivos, este sistema é afetado, resultando em certos sinais e sintomas que, quando aparecem juntos, recebem o nome de síndrome vestibular. O sistema vestibular é formado por um conjunto de receptores localizados na orelha interna, por isso, é um sistema bilateral (podemos encontrar um grupo de receptores em cada orelha).
Esta condição é bastante comum em coelhos e deve-se levar em conta que pode se apresentar de duas formas:
- Síndrome vestibular central: Quando a condição está mais relacionada ao cérebro.
- Síndrome vestibular periférica: quando a condição está mais especificamente relacionada ao ouvido.
Sintomas de síndrome vestibular em coelhos
Como é uma condição que altera a função nervosa, podemos notar que o animal terá uma f alta de percepção de posição e movimento, que mostrará o coelho ligeiramente desorientado. Os sinais e sintomas mais comuns da síndrome vestibular em coelhos são:
- Nystagmus: movimento involuntário do olho, que pode ser horizontal ou vertical.
- Inclinação da cabeça: o animal mantém a cabeça inclinada para o lado onde se encontra a condição.
- Torcicolo: condição dos músculos do pescoço que acaba ocorrendo devido ao tempo que o animal passa com a cabeça inclinada.
- Ataxia: é uma deterioração da coordenação motora. Nesses casos, está associada à síndrome vestibular central.
- Movimentos circulares: a perda de orientação leva o animal a andar constantemente em círculos.
- Incapacidade de manter o equilíbrio: O animal tende a cair cada vez que tenta se mover. Este sinal está associado à síndrome vestibular periférica.
- Inapetência: na pior das hipóteses, o animal pode se sentir tão deslocado que não terá interesse em comer. Descreve-se que quando se trata de síndrome vestibular periférica, o animal apresenta náuseas (embora este sinal seja muito inespecífico em coelhos), problema que irá acentuar ainda mais a f alta de apetite.
Meu coelho tem a cabeça inclinada, é síndrome vestibular?
Se a cabeça do seu coelho estiver torta ou torta, ele pode estar sofrendo de síndrome vestibular. No entanto, não é a única patologia que apresenta esse sintoma, pois a mixomatose em coelhos também pode causar isso.
Causas da síndrome vestibular em coelhos
As causas da síndrome vestibular em coelhos são bastante diversas, mas as mais comuns que podemos encontrar são:
- Otite causada por Pasteurella multocida: P. multocida é uma bactéria bem conhecida na medicina veterinária que pode ser encontrada na maioria das vezes no sistema respiratório. Na verdade, é a causa da rinite em coelhos. Em alguns casos, essas bactérias podem migrar, afetando outros órgãos e sistemas, e o ouvido não é exceção. Esta bactéria é causadora de otite medial e interna em coelhos, resultando em alguns casos em abscessos, infecções e síndrome vestibular (geralmente periférica, mas já foi descrito que também pode causar síndrome vestibular central). A amostragem desse patógeno deve ser feita com muito cuidado, pois já foi descrito que pode se tornar zoonótico.
- Infecção por Encephalitozoon cuniculi: este parasita está intimamente associado aos coelhos e, embora a porcentagem de animais afetados seja muito alta, apenas uma pequena parte mostrará sinais de doença. E. cuniculi geralmente causa síndrome vestibular central em coelhos, embora também seja responsável por doenças renais e oculares. Esse microrganismo também causa doenças zoonóticas, mas foi descrito que isso ocorre apenas quando o humano está imunossuprimido.
- Neoplasias: são definidas como uma formação anormal de tecido tumoral, que pode ser benigno ou maligno. Um tumor no nível do cérebro ou no nível do sistema vestibular pode desencadear os sinais e sintomas característicos da síndrome. Essas causas são raras em coelhos.
- Traumatismo: trauma na cabeça pode acabar inflamando o ouvido, desencadeando uma síndrome vestibular momentânea.
Consulte este outro artigo sobre as doenças mais comuns em coelhos para conhecê-las todas e aplicar as medidas preventivas adequadas.
Diagnóstico da síndrome vestibular em coelhos
Todo diagnóstico começa com uma anamnese correta que ajudará o médico veterinário a decidir quais exames complementares realizar. Nesses casos, geralmente são realizados exames laboratoriais como hematologia, tomografia computadorizada e hemoquímica. Foi descrito o uso diagnóstico de anticorpos contra E. cuniculi para conhecer sua presença com certeza.
Como curar a síndrome vestibular em coelhos? - Tratamento
A síndrome vestibular em coelhos tem cura? O prognóstico dependerá da rapidez com que o tutor do animal agirá junto com o seu veterinário. O diagnóstico precoce tem um prognóstico muito bom. Infelizmente, quando nosso coelho já tem essa síndrome há muito tempo e se sente deprimido, é difícil reverter a situação. Claro que também vai depender das causas, sendo mais fácil de reverter se tiver sido causado por trauma, comparado a uma neoplasia. O prognóstico geralmente é dado na clínica quando o médico veterinário realizou seus exames complementares
Quanto ao tratamento da síndrome vestibular em coelhos, também dependerá da causa. Os glicocorticóides são indicados, pois possuem efeito anti-inflamatório muito útil no tratamento da síndrome vestibular. No caso de otite, são indicados os antibióticos na dose correta. Alguns antiparasitários como o fenbendazol são usados para tratar a infecção por E. cuniculi e, nos piores casos, a cirurgia pode ser uma opção quando se trata de neoplasias.